A Amazônia perdeu entre 2000 e 2013 um total de 222.249 quilômetros quadrados de florestas, uma superfície equivalente ao território do Reino Unido, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (25) pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG).
A reportagem foi publicada por Amazônia, 26-11-2015.
Em parceria com o Instituto do Bem Comum peruano (IBC), a RAISG apresentou um estudo que analisa o desmatamento em toda a Amazônia a fim de “dar visibilidade à situação social e ambiental” do local e que será divulgado na Cúpula da Mudança Climática (COP 21) em Paris, que acontece entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro.
O diretor do Instituto do Bem Comum, Richard Chase Smith, qualificou a situação de “muito preocupante” porque, apesar de a maior perda de floresta original da Amazônia ter acontecido entre 1970 e 2000 com 9,7%, entre 2000 e 2013 se perdeu 3,6% e o desmatamento total já chega a 13,3% .
Smith citou a agricultura e a pecuária como causas diretas de perda de superfície florestal e lembrou que as infraestruturas, como estradas e represas hidrelétricas, “estão entre os fatores que exercem maior pressão sobre as florestas de toda a região”.
Além disso, apontou a mineração ilegal, a exploração de hidrocarbonetos e os cultivos ilícitos como “transformadores da paisagem amazônica” neste período.
Smith destacou na conferência o desmatamento em Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador.
O Brasil é o país que mais sofreu com o desmatamento neste período e Smith esclareceu que, embora seu ritmo “tenha diminuído” desde 2006, entre 2000 e 2013 se perderam 174.000 quilômetros quadrados de floresta.
Por sua vez, a Bolívia perdeu 10.000 quilômetros quadrados de floresta, e a Colômbia experimentou um “aumento considerável” entre 2005 e 2010, perdendo 6.167 quilômetros quadrados, embora entre 2010 e 2013 tenha registrado uma perda de 1.684 quilômetros e, portanto, reduziu sua velocidade de perda anual.
O Equador, por sua parte, é o país com a segunda maior perda proporcional, já que neste período sofreu umdesmatamento de 10,7%. Já o Peru se situa em quarto lugar e perdeu 9,1% de sua floresta amazônica nestes anos.
Os povos indígenas constituem 28,18% da Amazônia e, segundo a RAISG, só 1,1% dos índios que habitam a região está livre de “pressões e ameaças”, por isso outro dos focos desta análise se centra neste aspecto.
A RAISG define como pressões “as ações de origem humana que põem em perigo a integridade dos ecossistemas e os direitos coletivos de seus habitantes”.
Por outra parte, as ameaças são para esta organização “iniciativas previstas para o futuro próximo que podem se transformar em pressões uma vez implantadas”.
Segundo Smith, são “muito excepcionais” os casos de áreas livres de pressões e ameaças e, além disso, lembrou as consequências sobre os ecossistemas que têm as ações humanas e que a Amazônia não é uma “fonte inesgotável de recursos naturais”.